O CORPO, A PANDEMIA E O MUNICÍPIO EM TERMOS DE RECIPIENTES: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS METÁFORAS DE CONTENÇÃO FACE AO JULGAMENTO MORAL

Authors

  • Jacimara Ribeiro Merizio Cardozo
  • Sérgio Arruda de Moura

Keywords:

Pandemia, recipiente, quadros morais, metáfora conceptual

Abstract

Este artigo tem como objetivo investigar como as metáforas conceptuais de contenção, evidenciadas nos discursos circulantes da Pandemia, possibilitam a orientação do indivíduo quanto à tomada de decisão sobre se vacinar ou não, usar máscara ou não, entrar ou não em um município marcado por uma barreira sanitária. A fundamentação teórica se estrutura à luz da Teoria da Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson (1980) em diálogo amplo com Goatly (2007), Gibbs (2017), Musolff (2004) acerca das metáforas espaciais e do esquema de contenção. O percurso de análise partiu da proposta de Charteris-Black (2021) quanto às dimensões do recipiente, conforme seu conteúdo, sua capacidade de proteção, suas propriedades, o ponto de vista de quem está dentro ou fora bem como a transitividade e agência de seu conteúdo e de com o coloca lá. Como resultado principal da análise do corpus, foi possível identificar metáforas como MUNICÍPIO É RECIPIENTE, PANDEMIA É RECIPIENTE e CORPO É RECIPIENTE.Desse modo, a Pandemia foi perspectivada como um recipiente em que é possível entrar e sair com a intencionalidade discursiva de alertar a população para a intensificação do quadro de pobreza no Brasil. Já o município foi perspectivado como recipiente para fazer barreira à invasão do inimigo-vírus. Identificou-se também o quadro moral Santidade e Degradação como orientação do indivíduo para a o posicionamento de não tomar vacina a partir da construção de pensamento de que o corpo é um recipiente que não pode sofrer penetração forçada, pela metáfora PENETRAÇÃO FORÇADA É ESTUPRO, descoberta que acrescenta ao arcabouço da teoria da metáfora de contenção o domínio-fonte do ESTUPRO para comprender o domínio-alvo de VACINAÇÃO.

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Published

2023-03-10

How to Cite

Jacimara Ribeiro Merizio Cardozo, & Sérgio Arruda de Moura. (2023). O CORPO, A PANDEMIA E O MUNICÍPIO EM TERMOS DE RECIPIENTES: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS METÁFORAS DE CONTENÇÃO FACE AO JULGAMENTO MORAL. InterSciencePlace, 17(5). Retrieved from https://interscienceplace.org/index.php/isp/article/view/458