RISCO DE TRANSMISSÃO ZOONÓTICA EM TERAPIAS ASSISTIDAS POR ANIMAIS EM AMBIENTE HOSPITALAR E PROPOSTA DE UM ARCABOUÇO PROTOCOLAR BASEADO EM EVIDÊNCIAS PARA CONTROLE DE ZOONOSES EM PROGRAMAS TERAPÊUTICOS COM CÃES E GATOS
Keywords:
Terapias assistidas por animais, Zoonoses, Mitigação, ProtocoloAbstract
Terapias assistidas por animais em contextos hospitalares têm despertado crescente interesse devido aos seus potenciais benefícios terapêuticos e emocionais para pacientes hospitalizados. A interação entre paciente e animal em terapias assistidas por animais em ambientes hospitalares carece, entretanto, de investigações quanto aos aspectos de biossegurança na possível transmissão de zoonoses. Considerando a conjuntura da necessidade de conciliação dos benefícios da terapia assistida por animais e os potenciais riscos zoonóticos, estudos que auxiliem na tomada de decisões que permitam a implementação desse tipo de programa terapêutico devem ser embasadas em evidências científicas para a garantia da segurança dos pacientes, animais, profissionais de saúde e da minimização da contaminação no ambiente hospitalar. Através de uma revisão sistemática, foram identificadas as espécies de patógenos com potencial zoonótico mais comuns em terapias assistidas por animais. A partir dos resultados, foram propostas diretrizes para um arcabouço protocolar baseado em evidências, com o objetivo de mitigar os riscos de transmissão zoonótica em terapias assistidas por animais no ambiente hospitalar. Foram encontrados na literatura científica atual 21 artigos que investigaram a presença de patógenos com potencial zoonótico entre espécies participantes de terapias assistidas por animais. Os microrganismos mais incidentes e que representam maior risco na interação foram: Staphylococcus spp., Clostridioides difficile, Enterococcus spp., Escherichia coli, Salmonella spp., e Pasteurella multocida. A maior parte desses microrganismos compõe a microbiota intestinal e da pele de cães, gatos e humanos, e o risco mais importante sob a ótica da Saúde Única é a vetoração de cepas nosocomiais por animais, além da colonização dos animais com cepas multidrogarresistentes por pressão ambiental do contato com superfícies contaminadas. As diretrizes do arcabouço protocolar foram estruturadas a partir do único protocolo baseado em evidências disponível na literatura científica atual, na análise crítica da revisão sistemática realizada neste artigo, e nas recomendações alicerçadas no empirismo indutivo que caracterizam os demais protocolos. Os resultados da revisão bibliográfica permitiram a formulação de diretrizes do arcabouço protocolar com base em evidências, possibilitando a conjugação ou criação de recomendações voltadas para a eficiência na mitigação e prevenção de possíveis zoonoses nas terapias assistidas por animais. Salientamos a necessidade de incorporação de medidas preventivas no sentido de mitigar essa possibilidade no arcabouço protocolar proposto em nosso artigo. A atuação da equipe multiprofissional composta por médicos, veterinários, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, administradores hospitalares e profissionais de limpeza é essencial para a implantação e manutenção do protocolo de mitigação de riscos de transmissão zoonótica em terapias assistidas por animais no ambiente hospitalar.