AS PERCEPÇÕES E O COTIDIANO NA IMPLEMENTAÇÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ)
Palabras clave:
Implementação; Políticas Públicas; Estratégia Saúde da Família; Burocracia do Nível de Rua.Resumen
Este artigo busca analisar, em perspectiva comparada, o cotidiano dos profissionais de saúde, ao longo do processo de implementação Estratégia Saúde da Família (ESF) em duas Unidades Básicas de Saúde (UBS), no município de Campos dos Goytacazes, região norte do estado do Rio de Janeiro. Trata-se de duas UBSs com perfis distintos, tanto na capacidade operacional, como também pelo tempo de implantação e modelo de funcionamento adotado. O estudo tem por base um conjunto de análises sobre o processo de construção e funcionamento destes equipamentos públicos, com intuito de compreender como as práticas profissionais e as interações dos agentes implementadores e dos atores políticos podem influenciar o processo de implementação de uma ESF e o resultado dessa política. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, com visitas às UBSs selecionadas, o que permitiu uma breve observação do cotidiano do campo e entrevistas com atores-chave, ao longo do segundo semestre de 2018 e os dois primeiros meses de 2019. Por se tratarem de “modelos” diferentes, no tocante à concepçãos destes equipamentos, além de períodos de vigência também distintos, foi possível observar graus de interferência política diversos, o que impacta na atuação dos burocratas de nível de rua. O estudo apontou ainda que, em situações mais adversas (como a escassez, por exemplo), a capacidade discricionária do burocrata ganha em amplitude e aceitação social. Nos contextos de implementação marcados pela presença intensa e cotidiana de interações entre profissionais e usuários, como ocorre nas unidades da atenção básica do sistema de saúde, surgem redes de relações pessoais que acabam orientando processos de inclusão e exclusão nos serviços.